Baralho Cigano/Lenda

Baralho Cigano/Lenda

Baralho Cigano/Lenda 2121 1414 Marcos Passos

História do Baralho Cigano

Início/História do Baralho Cigano

Para falar de Baralho Cigano, primeiro precisamos contar a história de Mademoiselle Lenormand.

Mlle Lenormand foi uma das mais, se não a mais célebre cartomante que já existiu, alcançando fama, fortuna e um lugar de destaque na história. Era conhecida como a Sibila dos Salões e seu nome foi associado ao baralho Petit Lenormand, conhecido no Brasil por Baralho Cigano.

Vamos conhecer um pouco desta história.

Mademoiselle Lenormand

Mademoiselle Lenormand

Marie-Anne Adelaide Lenormand nasceu em Alençon, na Normandia, em 27 de maio de 1772.

Seu pai faleceu um ano após seu nascimento. Sua mãe casou-se novamente, porém faleceu quando Marie-Anne tinha cinco anos. Ela é criada então pelo padrasto.
Na adolescência ela decide ir para Paris onde realiza alguns trabalhos de menor importância.

Possuía o conhecimento de leitura de mãos, borra de café, espelhos anel cigano, adivinhação, tarot de Marselha e baralho comum de 52 cartas.

O primeiro lugar em que fez suas tentativas foi nos barcos das lavadeiras, sempre apaixonadas adivinhações. Por alguns centavos Mlle Lenormand lia a sorte para elas.

Passo a passo, ela chegou aos comerciantes, depois à burguesia e às mulheres do mundo através de suas criadas.

Aprimorando sua educação Mlle. Lenormand chegou até a alta sociedade.

Em maio de 1801 ela é convidada para ir à residência de Josephine de Beauharnais, a primeira esposa de Napoleão Bonaparte.

Previu para Napoleão sua fenomenal ascensão e sua posterior queda repentina. A partir de então relata ter tido vários clientes importantes.

Mlle Lenormand ordem de prisão

Mlle. Lenormand abriu sua própria livraria, onde publicou seus livros. Escreveu 14 livros, nenhum sobre suas teorias do Tarot ou métodos de cartomancia, e sim sobre sua carreira e suas ligações com pessoas importantes. A livraria estava sempre lotada de pessoas procurando pelos seus atendimentos.

Ela nunca disse que era cartomante e se intitulava profetisa. Foi presa várias vezes, pois naquela época, 1800 na França, não era permitido nenhum tipo de adivinhação, profecia ou leitura oracular.

Muitas pessoas tentaram ser suas pupilas, porém ela dizia que não deixaria nenhum discípulo. Também não há relatos de que teve contato com os ciganos.

Mlle. Lenormand morre em 25 de junho de 1843, aos 71 anos.

Seu funeral foi extraordinário. A igreja foi coberta com enfeites, o carro fúnebre foi puxado por quatro cavalos enfeitados e seguido por cem pessoas. Foi um acontecimento importante no mundo da adivinhação.

Mlle Lenormand não deixou nenhum baralho nem método de leitura com o seu nome e somente após a sua morte é que surge o baralho Petit Lenormand, com 36 lâminas, como conhecemos hoje.

O Petit Lenormand

Segundo as descobertas da pesquisadora norte americana, Tali Goodwin, em 1799, na Alemanha, Johann Kaspar Hechtel, um jovem empresário, dono de uma fábrica de bronze e criador de jogos de salão, publicou pela primeira vez o “Das Spiel der Hoffnung” (O Jogo da Esperança).

Este jogo, inicialmente concebido como um jogo de tabuleiro, lúdico, como um Banco Imobiliário, continha 36 cartas que eram dispostas numa grade, onde as peças dos jogadores avançavam pelas casas conforme os números que saíssem nos dados.

No livro de instruções além das regras do jogo, havia uma orientação dizendo que também era “possível jogar um divertido jogo oracular com essas cartas embaralhando as 36 e deixando a pessoa para quem é destinado o oráculo cortá-las e depois dispô-las em 5 linhas: sendo 4 linhas de 8 cartas e a quinta com as 4 restantes. Se a pessoa que consulta é uma mulher, observe a lâmina 29 comece compondo um alegre conto a partir das cartas que a rodeiam. Se para um homem, o conto começa da lâmina 28 e, mais uma vez, usa-se as cartas que a rodeiam. Isso trará muita diversão para qualquer boa companhia”.

Por volta de 1846, após a morte de Mlle. Lenormand, o mesmo jogo foi republicado por um tal de Phillippe Lenormand, que afirmava ser sobrinho dela (o que era mentira, pois, o único sobrinho que tinha morava na França e se chamava Michel-Alexandre Hugo, filho de sua irmã mais nova, Marthe-Sophie).

Junto com o jogo ele lançou um LWB (little white book), o livreto que acompanha o jogo, onde explicava de que forma as cartas poderiam ser usadas como oráculo.

Não é preciso mencionar que “Philippe Lenormand” era um nome fictício, tratando-se de uma estratégia de marketing onde o nome da ilustre cartomante Mlle. Lenormand foi usado, de forma a aumentar as vendas do referido baralho.

Durante muito tempo pensou-se que o Petit Lenormand estava de certa forma relacionado com a Cafeomancia, isto é, a leitura das borras do café, uma vez que o significado dado a certos símbolos na cafeomancia coincide quase completamente com o significado dos mesmos símbolos no Baralho Lenormand. E na verdade, essa é a autêntica origem do Lenormand.

Em 2013, Mary K. Greer, escritora e professora de tarot, encontrou um outro documento guardado no Museu Britânico que provou ser o “elo perdido” entre o jogo de Johann Hechtel e a interpretação de certos símbolos na cafeomancia, também presentes no Lenormand.

Esse documento chama-se “Les Amusements des Allemands” (A diversão dos Alemães) e data de 1796, anterior ao jogo de Hechtel em três anos. Contém um baralho de 32 onde também estavam presentes figuras como o Trevo, a Casa, o Cavaleiro, a Âncora, a Cruz, a Montanha, etc., cujos significados são os mesmos dados às cartas do Petit Lenormand.

Além disso, alguns dos métodos de interpretação que hoje existem no Lenormand (em especial no lançamento da Mesa Real) foram herdados diretamente da Cafeomancia. Veja:

  • Na cafeomancia, quanto mais próximo um símbolo se encontrar da “asa” da xícara, mais importância ele tem, o que pode ser comparado com o método da distância de uma carta em relação à carta significadora (28-Homem ou 29-Mulher, dependendo do sexo do/a consulente).
  • Da mesma forma, quanto mais alto um símbolo se encontrava no interior da xícara, maior importância lhe era dada, método que passou praticamente intocado para o Lenormand.

Os Ciganos

E qual é a relação dos ciganos com tudo isso?

Os ciganos sempre foram associados a oráculos e a cartas de jogar. Entre as habilidades das mulheres estavam a leitura da sorte, em especial a quiromancia, a leitura das mãos. Para o nômade, que carrega poucos pertences, este era um método prático, bastava a palma da mão do consulente.

Conforme os baralhos foram sendo impressos e ficando mais acessíveis, muitos ciganos passaram a utilizar as cartas para ler a sorte, pois eram pequenas e fáceis de manusear e carregar.

Não encontramos registros históricos que evidenciem que os ciganos tivessem sido autores de baralhos, porém como estavam sempre na “estrada”, nas ruas, foram grandes divulgadores deste tipo de leitura, e muito provavelmente seu nome tenha ficado associado ao baralho.

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