Considerando que somos espíritos habitantes de um mundo de provas e expiações, qual o percentual dos que cumprem à risca o acordado no plano espiritual para a respectiva reencarnação? Segundo André Luiz, muito baixo. Os espíritos que conquistam 100% das suas “metas” pre-reencarnatórias são chamados completistas e estes são absoluta minoria em seu retorno à pátria espiritual.
Segundo André Luiz, retornamos, na maioria das vezes, na turba dos espíritos de parcial sucesso. Existem também os que acolhem, através do próprio livre arbítrio, a infeliz marca do insucesso completo, estagnando nos próprios níveis morais, acrescentando-lhe tempo de resgate e ao recomeço mas complexo.
Mas por que atribuir-nos tarefas onde o insucesso parece-nos bater à porta? Nesses casos recorremos a questão 258 do Livro dos Espíritos, transcrita parcialmente abaixo.
a) Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo? Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem… Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito.
Nós somos os responsáveis pelas nossas escolhas pre-reencarnatórias, naturalmente, a espiritualidade responsável pelo programa reencarnatório sabe muito mais daquilo que necessitamos do que nós mesmos, e nos auxilia a não exagerarmos ou a dilatarmos demasiadamente nas provas do porvir.
Nos casos de espíritos mais renitentes ao reencontro com as verdades do divino amor é necessária a imposição de algumas escolhas a serem vividas, tal como um pai impõe ao filho determinada tarefa na qual lhe moldará o caráter e a qual o filho lhe agradecerá num futuro mais consciente.
É a lei moral do progresso assumindo temporariamente um controle que pertenceu ao livre arbítrio. Convites ao recomeço existem aos montes e farão parte da nossa existência por muito tempo. Joanna de Ângelis cita alguns no texto referido acima.
Uma decepção que parece matar as aspirações superiores; um insucesso; um desastre total; um ser querido que morreu e deixou uma lacuna impreenchível; uma enfermidade cruel que esfacelou as resistências; um vício que, por pouco, não conduziu à loucura; um prejuízo financeiro que anulou todas as futuras aparentes possibilidades; uma traição que poderia ter-te levado ao suicídio, são apenas motivos para recomeçar e nunca para desistir de lutar.
Não passaremos pela vida sem experimentar algumas das situações acima. Estas, são mais que chamados ao recomeço, são convites ao exercício da fé divina e ao trabalho. O erro, os vícios, as mazelas, os infortúnios andarão em paralelo a nossa existência por muito tempo, é natural, e o recomeço é a melhor resposta a estes. Comportamentos estacionários nos retornarão o salário da inércia e a perda do nosso precioso tempo na Terra.
A tristeza e o desânimo são consequências naturais em um primeiro momento, no entanto, nada na natureza se construiu ao sabor dos ventos, e o nosso futuro também não será o primeiro desses exemplos. Consciência divina, amor ao próximo, ânimo e disposição para transpor-se, elevar-se, eis o que se espera de nós, espíritas! O recomeço é plataforma comum entre nós, tenhamos a ciência de que ainda a visitaremos muito.
Todo recomeço é renovador e toda renovação nos aproxima do nosso objetivo divino. Finalizemos com a conclusão de Joanna ao texto fonte de estudo. “Teu recomeço é síndrome de próxima felicidade.”