A UTILIZAÇÃO DA CABAÇA RITUALÍSTICA
A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização nos terreiros de culto afro. É o fruto da cabaceira. Inteira, é denominada cabaça; cortada, é cuia ou coité; e as maiorias são denominadas cumbucas.
Nos rituais, sua utilização é ampla, tomando nomes diferentes de acordo com o seu uso, ou pela forma como é cortada. A cabaça inteira é denominada Àkèrègbè, (pronúncia correta ÁKÊRÊBÊ – nome com o qual se chama a cabaça inteira) e a cortada em forma de cuia toma o nome de Ìgbá (pronúncia correta IBÁ — cabaça cortada em forma de cuia. ÌGBÀ = assentamento de Orixá; panela onde se guardam os objetos sagrados dos deuses) cortada em forma de prato é o Ìgbáje (pronúncia correta IBAJÉ — cabaça cortada em forma de prato. Recipiente para a comida), Cortada acima do meio, forma uma vasilha com tampa, tomando o nome de Ìgbase (pronúncia correta IBAXÉ — Cabaça cortada acima do meio, formando uma vasilha com tampa; por isso recebe o nome de Ìgbase, ou cuia do Àse, “pronúncia correta AXÉ — é a força vital e sagrada que está presente em todas as coisas que a natureza produz; grande frente de poder que é mantida, ampliada e renovada por meio dos ritos que se processam nos rituais afro. Axé significa “que assim seja”, ou “que Deus permita que isto aconteça”. É uma palavra sagrada tão importante quanto Amém, Assim Seja, Aleluia e tantas outras.” e é utilizadas para colocar os símbolos do poder após a obrigação de sete anos de um Iyawo, como a tesoura, navalha, búzios, contas, folhas, etc.)
Cabaças minúsculas são colocadas no Sàsàrà (pronúncia correta XAXARÁ — cetro ritual de palha da Costa, ele expulsa a peste e o mal.) de Omolu como depósito de seus remédios. No Ógó (pronúncia correta ÓGÓ – um pênis de madeira, com búzios pendurados simbolizando o sêmen. Outros dizem que o ÓGÓ é um bastão com cabaças, representando o sexo masculino)de Esu, uma representação do falo masculino, as cabaças representam os testículos. Usa-se uma das partes da cabaça cortada ao meio, e colocada na cabeça das pessoas a serem iniciadas e que não podem ser raspadas por serem Àbìkú, para nela serem feitas às obrigações necessárias.
Com o corte ao comprido, torna-se uma vasilha com um cabo, chamada de cuia do Ìpàdé (pronúncia correta IPÁDÊ — cerimônia de Èsù.) e serve para colher o material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas. Inteira e revestida de uma rede de malha será o Agbè (pronúncia correta ABÉ — Cabaça inteira e revestida de uma rede de malha, usada como instrumento musical) usado pelos Ogans, durante os toques e cânticos.
Uma cabaça com o pescoço comprido em forma de chocalho é agitada com as suas sementes, fazendo assim o som do Séré (pronúncia correta XÉRÉ — forma reduzida de Sèkèrè — (pronúncia correta XÉKÉRÉ — chocalho feito de cabaça alongada, que ao ser agitado com as sementes da cabaça lembra o som da chuva caindo. Instrumento por excelência de Sàngó), A cabaça inteira em tamanho grande substitui nos ritos de Àsèsè,(pronúncia correta AXÊXÊ — ritual fúnebre) a cabeça de uma pessoa que morreu e que por alguns fatores não é possível realizar as obrigações de tirar o Òsu (pronúncia correta ÔXÚ — é uma massa feita de diversos elementos, tem um formato cônico e é colocado no alto e centro da cabeça, exatamente onde foi feito o pequeno corte (O GBÉRÉ) no momento do feitio do santo. A partir daí, a iniciada(o) poderá ser chamada(o) ADÓSU). Por fim, pode ser lembrado que a cabaça cortada em forma de vasilha com tampa é conhecida como Ìgbádù, (pronúncia correta IBÁDÚ a cabaça da existência e contém os símbolos dos quatro principais Odus,(caminho, destino): Éjì, Ogbè, Òyekú Méjì, Ìwòri Méjì e Òdí Méjì.
Axé a todos